terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

ADONIS - o deus da beleza


Segundo a lenda, Adônis nasceu de uma relação incestuosa entre Smirna (Mirra) e seu pai Téias, rei da Assíria, a quem a filha enganara valendo-se da escuridão e fazendo-se passar pela rainha. Este, ao perceber que fora iludido, ameaçou matá-Ia, porém Mirra pediu ajuda aos deuses, que a transformaram na árvore que tem o seu nome, e de cuja casca nasceu Adônis.
Ele já era bem desenvolvido para a idade que tinha quando foi caçar nas florestas de Biblos, na Fenícía, ocasião em que a deusa Afrodite (Vênus, para os romanos), ao vê-Io, ficou deslumbrada com a sua extraordinária beleza e apaixonou-se por ele, mas Ares (Marte), deus da guerra, indignou-se ao descobrir que sua amante o havia preterido por um simples mortal, e por isso assumiu a forma de um javali furioso e feriu o rapaz na coxa, provocando-lhe a morte. Diz-se que o sangue que jorrou desse ferimento e caiu ao solo, transformou-se numa anêmona, linda flor de coloração avermelhada, enquanto Afrodite, ao perceber o que acontecera, correu para socorrer o seu amado, mas feriu-se, e o sangue que também lhe escorreu do ferimento, tingiu de vermelho as rosas brancas que vicejavam no local.
Morto, o belo Adônis desceu então ao Inferno, onde reinava Hades (Plutão), mas a esposa deste, Perséfone (Proserpina), também se apaixonou pelo jovem, tomando-se rival de Afrodite e lhe provocando grande desgosto. Isso porque Zeus (Júpiter), o deus maior, decidira atender o pedido desta última e devolvera a vida ao moço, mas a rainha do mundo subterrâneo recusou-se a deixá-Io partir. No entanto, compadecida do sofrimento que causara involuntariamente à deusa do amor, ela prometeu restituir o pivô do desencontro amoroso desde que ele passasse seis meses com uma delas, e seis meses com outra. Porém esse acordo não durou muito tempo, e por isso as deusas recorreram ao deus dos deuses, pedindo-lhe que encontrasse uma solução para o problema que as afligia, tendo este determinado que Adônis passasse quatro meses do ano com Perséfone, no Inferno, e quatro meses com Afrodite, na Terra. Isso foi feito, mas como o jovem preferia Afrodite, ficava também o terço restante com ela, nascendo dessa passagem mitológica a versão que procura explicar o ciclo anual da vegetação que morre no inverno (quando o jovem desce ao inferno) e renasce na primavera (quando ele regressa à Terra).
Diz a lenda que diante da morte de Adônis, a deusa Afrodite, não podendo conter a tristeza que lhe causara a perda do jovem amante, decidiu que dali em diante os mortais deveriam realizar anualmente uma cerimônia para lembrar o seu trágico e prematuro desaparecimento. Assim, a partir do século 5 a.C., tanto em Biblos como em outras cidades gregas, festivais anuais foram realizados em sua honra, e durante esses rituais fúnebres as mulheres plantavam sementes de várias plantas floríferas em pequenos recipientes denominados "jardins de Adônis". Entre as flores mais utilizadas durante a prática desse culto estavam as rosas, tingidas de vermelho pelo sangue derramado por Afrodite ao tentar socorrer o amante, e as anêmonas, nascidas do sangue de Adônis.
A literatura passou a apontar Adônis como modelo da beleza masculina. Os amores de Afrodide e Adônis aparecem com grande freqüência tanto na decoração artística dos sarcófagos romanos como nos vasos italiotas, nome dado à população primitiva da Itália. Mais modernamente, pintores como Ticiano, A1bano, Rubens, produziram quadros representando a partida de Adônis para a caça. Embora ele seja mais conhecido como divindade grega tem, no entando sua origem na Síria, onde era cultuado com o nome semita de Tamuz.


(texto de Fernando Kitzinger Dannemann http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=214575 )

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